sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A Escritora

Ela gostava de escrever.
Queria aprender mais sobre como se faz algo tão banal quanto escrever se tornar um mistério ou um grande romance.
Tentava. Tentava de novo, e nada. Não conseguia. Simplesmente não dava. Quando era ela quem escrevia, as palavras não lhe pareciam nem um pouco mágicas, nada poéticas. Eram apenas palavras.
Mas então, um dia, ela a conheceu. Velhinha, vinha descendo a rua com a coluna curvada para a frente, com o peso dos anos vividos em suas costas, e com as pernas apoiadas na bengala.
A garota mal podia acreditar: a escritora cujs contos tanto a haviam inspirado estava ali, bem na sua frente. Sua empolgação era tamanha que não sabia ao menos o que falar. Então perguntou a única coisa que apareceu em sua mente: "Qual o segredo? Como fazer as palavras soarem como mágica?"
E a resposta, ao mesmo tempo óbvia e inesperada: "Sonhe, menina. É preciso sonhar."
Naquela noite, a garota voltou para casa e escreveu. Escreveu até seus punhos doerem (sempre preferira papel e caneta ao teclado), até seus olhos arderem de tanto sono aliado ao esforço de escrever à noite, sob a luz do abajur. Escreveu até dormir sobre o papel. Até sonhar sobre reinos distantes e seres estranhos e coloridos.

Um comentário:

  1. =')
    Adorei. Parece o começo de um romance... Suas palavras soaram como mágicas =D

    ResponderExcluir