terça-feira, 6 de março de 2012

Roda

O mundo girava e todas as cores pareciam se misturar naquela ciranda, ela - ou seria ele? - parecia uma cigana, saída de histórias há muito esquecidas. A pele bronzeada brilhava, refletindo a luz do sol, e as muitas cores em sua roupa pareciam mesclar-se, formando tantas outras.
O tempo havia entrado em um hiato. Passava ou não passava, não fazia diferença para nenhum dos que lá estavam. A música vinha dos pés, batendo forte contra o chão, e das mãos e vozes e gritos e sussurros vindos de todos os lados. Uma guerra ou uma melodia, na verdade dependia apenas do ponto de vista.
Pessoas chegavam, saíam e voltavam. E a melodia continuava.



(quem sabe um dia consigo continuar isso? por enquanto, fica assim.)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Someday...

E então ele desabou. Qual o problema? Ninguém disse que ele era obrigado a ser feliz o tempo todo. Ele sabia muito bem que a felicidade dele dependia dele mesmo e de mais ninguém. Mesmo assim, qual o problema de deixar a tristeza entrar de vez em quando? Afinal, cada ferida em sua alma era uma porta aberta para ela.
E de vez em quando faz bem não sair do quarto, não levantar da cama. Pra felicidade poder voltar, é preciso que você primeiro saboreie toda a tristeza e a melancolia, pra que não sobre nenhum restinho ácido quando a tal da alegria resolver aparecer de novo.
Então foi o que ele fez. Deitado no chão da sala daquele apartamento vazio, o tempo parecia não passar. Ele apenas olhava para o teto, enquanto deixava a música que saía do som alto encobrir seus pensamentos e aquele turbilhão de sentimentos invadir seu peito.
Até que era bom. Sentir algo tão intenso fazia ele se lembrar de que estava vivo; a correria do dia a dia muitas vezes não nos deixa perceber isso. O quanto é importante sentir algo, nem que seja aquela dor terrível, ou aquele vazio melancólico.
Ele sabia que ela não ia voltar. E sabia que também não a procuraria. "Tudo tem seu tempo", ele pensou, "e o nosso já passou". Se lembrou de cada momento, saboreando as lembranças e a dor aguda que o atingia juntamente com cada uma delas. Ele sabia que ia doer ainda por um bom tempo. Mas sabia também que não se arrependia de nada e que uma hora a dor iria passar.
No rádio, John Mayer com sua voz rouca dizia "Someday I'll fly...", e ele achou curioso o fato de atentar justamente para este pedaço desta música. "'Cause I'm bigger than my body". Era como ele se sentia. Aquela coisa da bonança que sucede a tempestade. Ele sabia que ia passar, e que um dia ele iria voar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ruptura

 E do nada você começa a questionar seus próprios valores e crenças. A achar que talvez tudo aquilo em que você sempre acreditou não seja assim tão perfeito ou fixo quanto você pensava.
Não que você tenha estado errado esse tempo todo. Simplesmente talvez não exista essa divisão tão estrita entre certo e errado. Ok, você sempre soube que o conceito de certo e errado era algo relativo, mas para você, sempre foi muito clara a linha que separava um do outro. Só que agora não é mais. Aliás, se é que existe alguma.
Pronto. Aconteceu uma ruptura, mesmo que você não saiba o que a causou. Mas algo agora te separa de quem você foi há 5 minutos, e você nunca mais será o mesmo. "Não se pode mergulhar duas vezes no mesmo rio", não é mesmo? E no fundo, você sabe disso.
Aquele momento em que você pensa: "É agora. É exatamente nesse ponto que minha vida pode mudar pra sempre, se eu deixar que aconteça. Se eu tiver a coragem de me deixar levar, eu nunca voltarei a ser quem eu sou agora.".
Mudar assusta. Mas é necessário e é muito bom, vai dizer que não? Claro que andar por um território desconhecido é sempre arriscado. Se você sempre usou sapatos, andar descalço provavelmente deixará marcas nos seus pés. Mas você se acostuma, e se descobre mais forte e mais resistente do que imaginou que pudesse ser.
"Mente vazia, oficina do diabo", minha avó já dizia. Mas se estamos mesmo num momento de questionamento, por que não aproveitar o momento de ócio mental e deixar algumas perguntinhas se instalarem por lá? Pode ser que elas nos levem à loucura, sempre há esse risco... Mas também pode ser que elas nos levem a uma nova visão de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sunny

O sol brilhava e o ar do dia estava pesado, parado.
O verde nos campos à frente dele parecia opressor, de tão imenso.
Sem saber o que fazer, sentado na grama e vendo a tarde passar, ele a viu passar.
Ela passou alegre, leve e distraída. Sem percebê-lo. Sem sabê-lo.
Ele nem ao menos se levantou. Apenas a observou.
E a viu passar, junto com a tarde.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Vontade

E de repente vem essa vontade de escrever. De soltar cores, formas, luzes. De tentar encontrar meu modo de iluminar esse quarto imundo, essa noite escura, esses meus tênis encardidos.
Nem sempre as palavras parecem bastar. Há momentos em que temos que nos bastar, nós mesmos, sem artifícios, sem maquiagem, sem penteados ou roupas ou palavras. Há momentos em que temos que ser fortes o suficiente pra encarar que essa corrida, essa dor, esse amor, esse tanto sofrer são mais do que necessários. São essenciais.
Essa bagunça à minha volta me incomoda. Mas também me aconchega, essa bagunça já tão característica em tudo que me rodeia é uma boa representante de tudo aquilo que quero e que não quero, que penso e que não digo, aquilo tudo que sou eu.
Eu sou uma bagunça. Das grandes. E esse emaranhado, já nem sei mais se quero que se desfaça. O que vai sobrar, se ele um dia se desfizer? Não sei. Prefiro não descobrir.
Pelo menos por enquanto, a bagunça, o emaranhado, a inconstância me satisfazem mais do que qualquer outra coisa.
E a dor? Ela é uma parte importantíssima disso tudo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Not a Quitter

Às vezes na vida passamos por momentos em que sentimos vontade de desistir dos nossos sonhos. Momentos em que esses sonhos parecem imaturos, bobagens vindas de um modo juvenil de pensar. Eu infelizmente tenho a péssima mania de achar que meus sonhos e planos sempre são imaturos e bobos.
Mas querem saber? Não são não. Os nossos sonhos e planos têm a importância que nós damos a eles. Se achamos que eles são pueris, então é isso que eles são. Mas se os levarmos a sério, então eles se tornam objetivos sérios em nossas vidas.
Eu tenho muitos sonhos e planos pra minha vida. Claro que dou mais importância a alguns, e menos a outros. É assim com tudo na vida, afinal, não é? A importância que dou a esse planos também muda de acordo com o momento pelo qual estou passando na minha vida, é claro. Mas a verdade é que todos eles têm algo de mim, algo que eu quero ser ou ter na vida.
E se tem algo que aprendi nesse último ano, é que não é o seu saldo de vitórias ou derrotas que te torna um vencedor, e sim se você desiste logo na primeira dificuldade ou se continua insistindo até conseguir o que quer da vida. E eu desisti de desistir. Me? No, not a quitter. At least, not anymore.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ok, não tem jeito. Eu sou inconstante e intempestiva, e não consigo escrever aqui on a regular basis. O que posso fazer? Eu sou assim. E nesse momento, minha vida anda corrida, complicada, e o tempo pra escrever está cada vez mais escasso.
Estou feliz com as coisas no modo como estão, entretanto. É estranho. Parece que faz tanto tempo que eu venho engolindo sapos, guardando minhas mágoas, tristezas e raivas pra mim mesma (seria isso amadurecer?), que quando as coisas simplesmente seguem seu curso e tudo vai bem, eu tenho a sensação de que algo muito errado está acontecendo, ou está pra acontecer. Será que sou estranha por ser assim?
Acho que simplesmente passei tanto tempo guardando meus problemas pra mim mesma, me fechando, que ele foram ganhando uma proporção muito maior do que realmente têm. Não gosto de falar sobre meus problemas pros outros, acho que cada um tem os seus pra cuidar e não gosto de fazer papel de vítima. Mas acho que justamente por isso, por guardá-los pra mim, que foi se criando esse buraco dentro de mim.
E, agora que ele parece estar se fechando, que as coisas parecem estar melhores, é como se faltasse alguma coisa. Como se eu tivesse deixado algum pedaço de mim pelo caminho, sabe?
Talvez isso seja normal. Ou não, talvez eu realmente seja louca, vai saber. hahaha
O importante é que, com pedaços faltando ou não, a vida está boa agora. Neste exato momento, eu tenho aquela esperança cheia de certeza que me diz que as coisas estão boas, eu estou feliz, e que qualquer problema que apareça simplesmente não é tão grande que me faça perder a melhor época da minha vida. Afinal, pra quê ficar frustrada pensando no que AINDA não consegui, se eu sei que tudo tem seu tempo, e que minhas atitudes hoje estão me levando pra um futuro que vai ser muito melhor do que eu posso sequer imaginar?
É isso aí.

Ah, e o Ri, amigão meu de muuuuuuuuito tempo, começou um blog, o Talkin' 2 Myself, que eu estou amando! Dêem uma olhada!