segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ela

Ela estava confusa. Talvez até mais do que ele. Porque ela sabia, com muito mais certeza do que ele, que era só uma questão de tempo até tudo acabar de vez.
Ela ainda gostava dele, e muito. Mas soube que não tinham futuro juntos no dia em que se deu conta de que o deixaria para trás sem hesitar, se precisasse disso para ter uma carreira melhor. Sabia que não era culpa dele, nem dela. Simplesmente ela percebeu que o que sentia por ele não era aquele amor inacabável dos filmes. Aquele pelo qual as pessoas movem montanhas e atravessam oceanos. Ela talvez até pulasse uma poça d'água por ele, mas quanto a atravessar oceanos, já não tinha tanta certeza assim.
Como podia, uma relação que havia começado de um modo tão bonito, tão romântico, acabar assim, sem mais nem menos? Sem um motivo certo, sem ao menos dor, só acabar assim, por acabar? Ela costumava dizer que havia encontrado o homem pelo qual sempre tinha procurado: romântico, bem-educado, um homem que olhava no fundo de seus olhos quando conversavam, e não para dentro de seu decote. Um homem que conversava com ela. E com a mãe dela, até com sua tia-avó ele conversava. E gostava!
Ele a respeitava, se interessava verdadeiramente por seus problemas, e tentava ajudá-la a resolvê-los da melhor maneira possível. Ele era, mais do que um companheiro, um amigo. E ela gostava de estar perto dele. Ela se via sempre à volta dele, como se ele fosse um planeta e ela, seu satélite. E gostava disso. Gostava de imaginar que havia uma força invisível ligando os dois. Algo intocável, mas extremamente forte.
Na verdade, agora que parava pra pensar bem sobre o assunto, ela não entendia por que aquilo tudo tinha que chegar a um fim. Ela ainda gostava dele, e muito. E ele também gostava muito dela - ela não tinha como ter certeza sobre os sentimentos dele, mas ele gostava dela mais do que ela podia imaginar.
Percebendo que o fim nunca tinha sido nada além de sua mente hiperativa tentando se ocupar de algo que não devia, ela resolveu se dar mais uma chance. Dar mais uma chance aos dois. Por que estragar algo que estava tão bom? Só por medo de ter um futuro a dois (sim, se imaginar tendo um futuro ao lado de outra pessoa é mais assustador do que parece)? Ela não queria mais ter medo. Não queria mais desistir sem tentar. Afinal, desistir sem ao menos tentar não é quase o mesmo que perder? E ela não gostava de perder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário